É muito recorrente entre os teóricos
socialistas a crença na ideia de que a riqueza dos países capitalistas
desenvolvidos provém da exploração de nações pobres. Isso logicamente não é
verdade. Mas pior que uma mentira é uma meia mentira. Portanto, convém entender
o que é mito e o que é realidade nessa história toda.
O capitalismo, desde os seus
primórdios, no século XVI, – período conhecido também como mercantilismo –
sempre operou em escala global: conquista da América, entrada de metais
preciosos na Europa etc. No final do século XVIII e início do século XIX, com a
Revolução Industrial, esse ímpeto expansionista se abrandou. Porém, no final do
século XIX, há um novo período de expansão colonial. O que explica essa mudança?
A Revolução Industrial
proporcionou uma grande concentração de riqueza nas potências econômicas da
época. Por vezes, as poucas alternativas de investimento dentro do próprio país
levavam os capitalistas a buscarem investimento mais lucrativo em outras
nações.
Aqui mesmo no Brasil, temos
um caso que elucida bem essa questão. Nesse período, o Brasil sofria um dilema.
O café era uma atividade econômica altamente rentável. Porém, apesar da grande
disponibilidade de terras férteis para plantio, não havia como aumentar a
produção devido à ausência de uma infra-estrutura de transportes. Solução: o
Brasil fez acordos com capitalistas ingleses para a construção de ferrovias no
estado de São Paulo. O transporte sobre trilhos deu grande impulso à economia
cafeeira e, posteriormente, contribuiu para a industrialização do país.

Lenin: teórico do imperialismo e líder revolucionário
Temos nesse exemplo uma
situação clara de trocas voluntárias e ganhos mútuos. Mas nem sempre as coisas
funcionavam assim. Por vezes, as potências econômicas subjugavam pela força diferentes
partes do mundo em busca de lucro. Os teóricos do imperialismo, sobretudo o
líder bolchevique Vladimir Ilitch Lenin (1870-1924), acreditavam que essa era
uma característica inerente ao capitalismo que não tinha como ser sanada e que
a única solução seria uma revolução comunista. Lenin estudou esse assunto
profundamente, mas cometeu alguns erros toscos que os próprios marxistas
posteriormente vieram a admitir. Num momento em que o capitalismo estava se
fortalecendo, Lenin disse que o imperialismo representava o último estágio do
capitalismo. Acreditava que o fim do capitalismo estava muito próximo. Chegou
inclusive a usar a expressão “capitalismo moribundo”.
Como podemos ver, o
capitalismo continua bem vivo até hoje. Essa tese de Lenin, portanto, estava
errada. Mas o que dizer dessa ânsia capitalista de dominar as nações mais
pobres? No meu entendimento, esse neocolonialismo foi um processo complexo que
não tem como ser compreendido meramente pela ótica econômica. Ele tem a ver com
a política, com o nacionalismo, com o fervor religioso (levar o cristianismo a
“povos selvagens”), com uma percepção errada de como a economia funciona e até
mesmo com a loucura cega de alguns indivíduos. É bastante possível que o
imperialismo não tenha favorecido as potências econômicas da época, pois manter
nações inteiras sob o jugo militar envolvia elevadíssimos custos financeiros.
As nações colonizadas podem ter sido exploradas, mas também foram favorecidas
em alguns aspectos. As potências imperialistas construíram hospitais, escolas,
ferrovias entre outras coisas. Povos colonizados tiveram acesso a vacinas, antibióticos
e outros tratamentos médicos. E,
definitivamente, o imperialismo não explica por que existem nações ricas e
pobres. Muitos países desenvolvidos da atualidade nunca foram imperialistas.
Alguns exemplos: Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Suécia, Suíça e Noruega.
Outros países desenvolvidos são ex-colônias de países imperialistas, tais como:
Hong Kong, Taiwan, Coréia do Sul e Cingapura.
Submeter coercivamente
nações estrangeiras é algo moralmente errado. O imperialismo assemelha-se ao
escravismo, é uma mancha no passado da humanidade, porém não é fruto do
capitalismo, conforme argumentava Lenin. E, finalmente, o imperialismo não tem
absolutamente nenhuma relação com os fundamentos da doutrina liberal.
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