Penso que
homofobia é muitas vezes um problema de falta de informação. O leitor conhece o
caso David Reimer? Rapidamente: David Reimer nasceu no Canadá em 1965. Aos oito
meses, Reimer teve seu pênis destruído após um acidente, durante uma cirurgia
de fimose. Sem saber o que fazer, os pais do garoto procuraram orientação de um
renomado psicólogo que defendia a tese de que a identidade de gênero é algo
aprendido socialmente. O psicólogo sugeriu que o pênis destruído fosse removido
juntamente com os testículos e que uma vagina fosse construída no local. David
passou a se chamar Brenda e a ser criado como menina.

Neonazistas: a intolerância persiste
O resultado
dessa experiência maluca não poderia ter sido pior. David nunca se sentiu como
menina. Aos 14 anos, o adolescente entrou em depressão profunda. Os pais
resolveram então contar-lhe toda a verdade sobre a sua mudança de sexo. Depois
disso, David fez todo o caminho de volta. Passou a usar seu nome original e a
vestir-se como um garoto. Posteriormente removeu as mamas – decorrente do uso
de hormônios femininos – e passou a tomar hormônios masculinos. Ele chegou a
casar-se e tornou-se padrasto dos três filhos de sua esposa. Mas nada deu
certo. Ele voltou a entrar em depressão e suicidou-se aos 38 anos.
Esse caso deixa
claro que a tese do tal renomado psicólogo estava completamente errada.
Identidade de gênero não é algo socialmente aprendido e sim inato. Todos nós
nascemos com uma identidade sexual. Ou em outras palavras, todos nós já
nascemos hétero ou homossexuais. E não existe nenhum tratamento que possa
reverter essa situação. Ou seja, não existe cura gay.
É verdade que alguns
neurocientistas costumam dizer que a identidade de gênero depende de fatores
orgânicos e sociais. Isso acontece porque cientistas de um modo geral costumam
ser muito comedidos ao divulgar os resultados de suas pesquisas. Eu,
particularmente, estou convencido de que a identidade de gênero decorre
totalmente de fatores congênitos. Várias pesquisas científicas apontam nessa
direção. Vou comentar apenas uma delas. Cientistas da Universidade Karolinska,
na Suécia, realizaram exames de ressonância magnética e concluíram que os
cérebros de homens homossexuais têm várias semelhanças físicas ao de mulheres
heterossexuais. Por outro lado, os cérebros de mulheres homossexuais têm
semelhanças aos de homens heterossexuais.
Tanto o caso David Reimer como
a experiência dos cientistas suecos apontam na mesma direção: a identidade de
gênero é uma característica congênita. Agora, sejamos razoáveis, discriminar (ou
odiar) pessoas por um aspecto biológico não é algo muito inteligente. Algumas pessoas
homofóbicas são desinformadas, acham simplesmente que homossexualidade é
safadeza, pouca vergonha. Há ainda um outro grupo: os neonazistas, que querem
promover uma limpeza na sociedade eliminando tudo que está corrompido, estragado
ou deformado.
Para os liberais, por sua
vez, esses dois casos (Reimer e Karolinska) não acrescentam nada, ou quase nada,
em relação a como os gays e lésbicas devem ser tratados. Se a homossexualidade
não fosse uma característica biológica e sim uma escolha pessoal, não mudaria
nada. As pessoas verdadeiramente liberais entendem que todos os indivíduos são
livres para buscar a felicidade. Todo indivíduo é livre para fazer o que bem
entender da sua própria vida, desde que não prejudique ninguém com suas
atitudes. É assim que as pessoas realmente liberais pensam.
Temos aqui uma clara divisão
dentro do espectro ideológico direitista. De um lado, está a direita liberal
que defende o liberalismo econômico e as liberdades individuais. De outro, a
direita conservadora que também defende o liberalismo econômico, mas é restrita
em relação às liberdades individuais.
Essa direita conservadora
dificilmente é moderada. Ela é, quase sempre, retrógrada, teocrática e fascista.
Seus líderes dizem que não são homofóbicos, mas difundem uma doutrina de
preconceito e ódio entre seus seguidores. Um dos principais representantes dessa
direita fascista, um filósofo muito popular no YouTube, usa a estranha expressão “gayzismo” para se referir aos grupos de
ativismo LGBT. Esse filósofo não tem nenhuma simpatia por esses grupos e
logicamente faz isso para associar esse movimento a outros nada veneráveis,
como: fascismo, nazismo, comunismo etc.
Segundo esse
senhor, o gayzismo politicamente organizado começou em Roma, no século I.
Durante trezentos anos, a elite gayzista romana perseguiu, torturou e matou
centenas de milhares de cristãos. Esse ódio anticristão, responsável pela morte
de milhões de pessoas, persiste até hoje. E o principal representante desse
movimento hoje, no Brasil, é, acreditem ou não, o deputado federal pelo PSOL e
ex-BBB, Jean Wyllys.
Segundo o
tal filósofo direitista, Jean Wyllys (e os gayzistas em geral) é movido pelo
mesmo ódio que movia a elite romana. Ele é impulsionado por um desejo psicótico
de remodelar o mundo à luz do seu desejo sexual. E o que Jean Wyllys deseja de
fato é implantar uma ditadura gayzista no Brasil que vai terminar
inexoravelmente numa perseguição de cristãos.
É evidente que tudo isso é
uma bobagem que nem merece ser discutida. Porém muitas pessoas levam essas ideias
a sério. Isso é preocupante. Ou melhor, muito preocupante. Na Alemanha, nas
décadas de 1920 e 1930, um homenzinho desprezível também difundia sentimentos
de preconceito e ódio fundamentados em teorias fantasiosas sobre determinados grupos
da sociedade. Muitos acharam que aquele homem era demasiadamente ridículo e não o
levaram a sério. O homenzinho desprezível foi em frente com seu projeto de
purificar a sociedade de todo o mal. O final dessa história, todos nós
conhecemos bem.
Parei de ler em "identidade de gênero não é algo socialmente aprendido e sim inato".
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