O recém
nomeado Ministro da Fazenda Joaquim Levy tem pela frente a dura missão de
recolocar nos trilhos a desconcertada economia brasileira. Uma questão que
muitos se fazem é: como chegamos a esse ponto? O que aconteceu de tão errado no
Brasil? Quem conhece um pouco de história econômica sabe que o capitalismo é
cíclico. A economia não cresce de forma harmônica e suave como uma árvore. O
crescimento econômico é espasmódico. Entre convulsões, crises e solavancos, o
capitalismo cresce e se consolida.

Joaquim, um presente para você
Quando
assumiu a presidência, em 2003, Lula teve a sorte de pegar o início de um
período de crescimento da economia mundial, que produziu aumento nos preços das
commodities, beneficiando o Brasil, grande exportador. Lula surfou alegremente
nessa alta de preços até 2008, quando fomos atingidos pela crise no mercado de
hipotecas nos Estados Unidos, a tal tsunami que Lula chamou de marolinha.
Diante dessa crise, o que fazer? O PT, com seus economistas de galinheiro,
entenderam que o melhor seria adotar um programa keynesiano anticíclico.
Resultado: produziram uma estagflação no melhor estilo anos 1980. Bom para
matar saudade, mas melhor voltar ao mundo da racionalidade econômica.
Se a equipe
econômica do PT fosse um pouco mais religiosa, talvez não tivesse cometido
tamanha heresia, pois lá, no Antigo Testamento, há uma lição de como agir nessas
situações. Estou me referindo à história de José, que foi vendido pelos irmãos
como escravo aos egípcios. No Egito, José ficou conhecido pelo seu dom de
interpretar sonhos. O faraó, intrigado com um sonho, chamou José e contou-lhe
seu enigmático sonho de sete vacas gordas e sete vacas magras que devoravam as
sete primeiras. As sete vacas gordas, segundo José, representavam sete anos de
bonança e as sete magras, sete anos de escassez. Nos sete anos de bonança,
havia-se de poupar recursos para os anos vindouros de escassez.
Pois bem, o
Brasil não poupou nos anos de bonança, logo não tinha recursos para gastar nos
anos de escassez. Nesse caso, não há muito a fazer. É apertar o cinto e
aguardar a crise passar. Mas os economistas petistas acharam que dava para
mudar o formato da roda. Para eles, uma roda quadrada pode, dependendo do caso,
ser mais eficiente que uma redonda. Pois bem, esses respeitáveis senhores reduziram
os juros na base do grito, aumentaram o gasto público e tentaram esconder o
déficit nas contas públicas através de uma contabilidade criativa.
Como ensina
a boa ortodoxia econômica, a melhor política para aumentar investimentos e conseqüentemente
o crescimento pode ser resumida em uma palavra: confiança. O mercado não achou
graça nenhuma nas estripulias econômicas da presidenta e sua trupe de saltimbancos.
Investidores fecharam a cara e suas carteiras também. Mas, somente durante as eleições presidenciais,
Dilma parece ter percebido que seu espetáculo não estava agradando muito à
plateia. Resolveu então mudar os atores e o roteiro de sua peça.
Joaquim
Levy tem um nome bíblico, mas não esperem dele nenhum milagre. Ele tem uma
missão ingrata pela frente: promover um ajuste recessivo em período de
estagnação econômica. Equivale a economizar recursos nos sete anos de vacas
magras. Tudo isso para restabelecer a confiança do setor empresarial e o país
voltar a crescer. Com relação a Dilma, podemos dizer que ela entra para a
história como a primeira presidente a deixar para si própria uma herança
maldita (que feito notável!). O ano de 2015 será difícil, não há dúvida. E como
nossa presidenta parece gostar mais de comédias que de dramas, corremos o risco
dela querer mudar o script de uma hora para outra e voltar a encenar novamente
aquela comédia sem graça. Oremos para que isso não aconteça. E que Deus nos
proteja.
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