Quando alguém diz uma
bobagem, normalmente não dou muita importância. Mas quando duas, três, quatro,
cinco, uma multidão repete a mesma asneira, acho que está na hora de dar uma
resposta. A última quimera que está na boca de alguns esquerdistas psicóticos é
que os ataques terroristas ocorridos recentemente na França são resultado do
colonialismo europeu.
Imperialismo: estaria aí a culpa?
Muito bem. É verdade que, a
partir do século XVI, vários países europeus estabeleceram colônias em praticamente
todos os continentes. Com o colonialismo e o imperialismo (final do século XIX),
houve guerras e muita exploração econômica. Mas as potências imperialistas
também construíram portos, ferrovias, estradas, escolas, hospitais. E, por
conta do imperialismo, várias pessoas puderam ter acesso a vacinas, antibióticos
e outros medicamentos. Portanto, o colonialismo e o imperialismo foram muito
menos danosos do que os professores de história costumam ensinar aos seus
alunos.
Para entender melhor essa
questão, vamos analisar um caso que eu acho bem interessante. O Brasil é um
grande produtor (e consumidor) de petróleo. Apesar disso, nosso país produz
poucas plataformas petrolíferas. A maior parte desse material vem do exterior,
sobretudo de três países: China, Coréia do Sul e Cingapura.
Meu objetivo aqui é analisar
essa terceira nação. Cingapura é uma cidade-Estado, com 5,4 milhões de
habitantes e uma área cinco vezes menor que a do Distrito Federal. É um país
pobre em recursos naturais, não tem petróleo e era uma colônia britânica até
1959. Atualmente, Cingapura, de acordo com o IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano) é o nono país mais desenvolvido do mundo, com um índice de 0,901. Deixando
para trás países como Suécia, Dinamarca, Reino Unido e Japão. É isso mesmo, a ex-colônia
britânica tem hoje um IDH superior a da sua antiga metrópole.
É interessante observar o
seguinte. Cingapura não tem petróleo (diferente do Brasil), mas exporta
plataformas de petróleo (diferente do Brasil que importa). A economia desse
país asiático tem forte influência do governo. A estratégia deles é clara: produzir
e vender produtos de alto valor agregado no mercado internacional. Na
literatura econômica, isso ficou conhecido como modelo de desenvolvimento
asiático. Parece que durante período Dilma I, o governo tentou seguir esse caminho,
mas deu com os burros n’àgua.
Como explicar o sucesso de
países como Cingapura? Essa não é uma tarefa fácil. Um componente fundamental
tem a ver com a cultura. Estou me referindo aqui a cultura no sentido de visão
de mundo. Nesses países de desenvolvimento acelerado, a população tem uma
atitude muito pragmática em relação à vida e estão muito focadas no
enriquecimento material. No Brasil e em boa parte da América Latina, a visão é
outra. Muita gente insiste em culpar os países desenvolvidos (antigas potências coloniais) pelo nosso
fracasso econômico. E, em algumas nações muçulmanas, a situação é muito pior.
Fundamentalistas islâmicos entendem que o ocidente é responsável não apenas
pela pobreza material, mas sim por todo mal que paira sobre a terra. A solução
para eles é destruir o ocidente.
Particularmente, entendo que
por trás de toda essa loucura está um sentimento bastante comum, mas altamente
destrutivo: a inveja. Se meu vizinho compra um carro novo e isso me causa um
certo pesar, posso agir de três formas: trabalhar mais, ganhar dinheiro e
comprar um carro equivalente. Mas, em vez disso, posso sair por aí falando mal
do meu vizinho, dizendo que ele é desonesto e que comprou o carro com dinheiro
roubado. Ou, posso ser ainda mais radical: mato meu vizinho, ponho fogo no
carro e digo que agi em nome de Deus.
O mais prudente parece ser
trabalhar mais, ganhar dinheiro e comprar um carro novo. Mas não é isso que
estamos assistindo. Algumas pessoas têm enorme dificuldade para admitir o próprio
fracasso. Colocar a culpa no vizinho é algo bem mais cômodo. O número crescente
de pessoas que está aderindo ao terceiro grupo parece nos mostrar que a loucura
humana não tem limite.
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