Chocado
ainda com o atentado que matou 17 pessoas na França, o mundo inteiro se
pergunta: como evitar a repetição de outros casos dessa natureza? Algumas
pessoas acreditam que a solução está numa maior integração da comunidade
mulçumana com o resto da população européia. Na França, e em outros países
europeus, mulçumanos se sentem cidadãos de segunda classe. Nesse sentimento de
exclusão, de não pertencimento, de se sentir filho ilegítimo da pátria, estaria
a raiz de todo o mal. Pura bobagem.
França: manifestações em homenagem às vítimas
Em 19 de abril de 1995 ,
um ex-soldado nova-iorquino chamado Timothy James McVeigh cometeu o maior
atentado terrorista dos Estados Unidos até o ataque de 11 de setembro de 2001 . No
chamado atentado de Oklahoma City, McVeigh detonou 2500 quilos de explosivos
deixados em um veículo estacionado em frente a um prédio do governo federal. A
explosão deixou um saldo de 168 mortos e 850 feridos.
Qual a
razão de tanto ódio? McVeigh estava profundamente frustrado por não ter sido
aceito em um esquadrão de elite conhecido como boinas verdes. McVeigh não era
mulçumano, nem descendente de árabes. Ele era um típico jovem norte-americano,
exceto pela sua obsessão por armas e simpatia por idéias neonazistas.
Em 2001, o ex-soldado foi executado com uma injeção letal. Nunca demonstrou
arrependimento em relação ao ato que cometeu.
Resumo da
história: terrorismo, morte e destruição não é coisa de árabes ou mulçumanos. A
maioria da humanidade ama a paz, mas uma parte ama a guerra. Dê aos amantes da
guerra uma ideologia, não precisa ser algo muito bem elaborado, basta ser algo
que sirva de pretexto. Dê a eles um líder e o conflito pode começar. Na mente
de um terrorista, o Ocidente, com seus valores de liberdade, igualdade e
fraternidade, tornou-se um lugar sem graça: mulheres emancipadas, liberdade
de expressão, direitos à comunidade LGBT, Estado de Bem Estar Social. Tudo isso
que, para os amantes da paz, significa um grande avanço. Para fundamentalistas
religiosos, significa simplesmente degeneração.
Reparem nas
semelhanças. Berlin, durante a República de Weimar, nos anos 1920, era a cidade
mais libertária da Europa. Era também a capital européia da prostituição.
Prostíbulos de todos os tipos, gêneros e gostos espalhavam-se pela cidade. O
que para alguns representava liberdade, para outros, representava decadência
moral. Coube a Hitler, um amante da guerra, escolhido pelo povo, limpar todo
esse lixo e recuperar valores germânicos tradicionais. Dê ao povo uma ideologia
fajuta e um líder maluco e você terá uma multidão de fanáticos dispostos a matar a
morrer por esse ideal. Estamos, portanto, em meio a uma guerra. Não de
ocidentais contra árabes mulçumanos. Essa é uma luta entre os que amam a
liberdade e a paz e os que glorificam a morte e a guerra.
Berlin: liberdade ou decadência?
Eu me
lembro bem do estardalhaço que as idéias do cientista político norte-americano
Francis Fukuyama provocaram em 1992, quando foi publicado O Fim da História e o
Último Homem. Segundo Fukuyama, a democracia e a economia de mercado
representavam um ponto final na história da evolução cultural da humanidade.
Muita gente torceu o nariz para essa teoria, principalmente os esquerdistas que
taxaram-na de conservadora. Fukuyama estava evidentemente errado, mas antes
essa tese estivesse correta. Quão bom seria se toda humanidade estivesse convergindo
suavemente para uma social-democracia sueca. Mas não está. Infelizmente, a
história da humanidade é a história de sucessivas guerras. E tudo indica que essa
história não tem fim.
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