Em 1989,
tivemos a queda do muro de Berlin. Pouco tempo depois, veio o esfacelamento da
União Soviética e o abandono do comunismo por quase todos os países do mundo.
Eu me lembro bem do meu sentimento de tristeza, desapontamento e resignação à
época. Aquele sonho não era factível e teríamos de nos conformar com as injustiças
e perversidades do capitalismo. Surpreendentemente, tantos anos depois da
utopia socialista ter fracassado, muitos intelectuais no Brasil e no exterior ainda
se declaram marxistas. De um modo geral, pode-se afirmar que no Brasil as
idéias de Karl Marx são bem mais familiares a intelectuais e ao público em
geral do que as de Adam Smith.
É certo que
o capitalismo não conseguiu resolver o problema da pobreza e da desigualdade na
maior parte do mundo. Mas, particularmente, acredito que os economistas de
tradição liberal, como Smith, Hayek e Friedman têm mais a oferecer no sentido
de encontrarmos soluções para esses problemas do que Marx. Depois de muito
estudar esse economista alemão, minha conclusão é de que Marx estava errado em
quase tudo que escreveu. Seu pensamento é incoerente, obscuro e, por que não
dizer, irrelevante nos dias de hoje.
Um grave
problema das teorias socialistas de um modo geral, e da marxista em particular,
está na crença de que podemos criar uma nova sociedade mudando as pessoas em
sua essência. Adam Smith, em 1776, disse que as pessoas são naturalmente
egoístas. Essa foi a pedra fundamental sobre a qual todo o pensamento liberal foi
erigido. Os marxistas nunca digeriram bem essa idéia de natureza humana. Para
eles, o comportamento humano seria fruto de fatores de ordem social. As pessoas
são egoístas porque a sociedade capitalista de consumo as tornou assim. Isso
nada mais é do que a reverberação de uma idéia muito antiga, a de que o homem é
bom, mas a sociedade o corrompe.
O
pensamento marxista nunca resistiu bem ao confronto com evidências do mundo
real. Vejamos um caso específico. E se pudéssemos voltar ao passado, mais
especificamente à pré-história, conseguiríamos encontrar uma resposta para a
existência ou não de uma natureza humana? Pois bem, essa volta ao passado é
possível e foi feita pelo antropólogo Jared Diamond. Após conviver durante anos
com povos tribais na Papua Nova Guiné, Diamond chegou a uma conclusão que
talvez desaponte muitos marxistas, socialistas e comunistas. Esses povos
primitivos que não sabem o que é capitalismo e provavelmente nem mesmo o que é
propriedade privada são mais violentos que as pessoas civilizadas dos dias de
hoje. Segundo Diamond, era mais seguro viver na Alemanha do século XX do que
entre os tais “bons selvagens”.
As pessoas
são egoístas e isso advém da própria natureza. Não é o capitalismo que nos
corrompe. Nós, infelizmente, já nascemos corrompidos. Qualquer tentativa de
criar uma outra sociedade baseada na cooperação, bondade e generosidade humanas
irá redundar em enorme fracasso. Isso não significa que eu seja contrário a
atos de cooperação, bondade e generosidade. Eu aprovo e admiro pessoas que agem
dessa maneira. Não acredito, porém, no sucesso de qualquer tentativa de moldar
a mente humana e incutir esses sentimentos forçosamente nas pessoas. Os
socialistas concluíram o contrário. Isso explica em parte o fracasso das
economias planificadas e já é para mim motivo suficiente para rejeitar o
pensamento marxista. Mas para muitos ainda não. Apesar de tantas provas de que
esse sistema não funciona, algumas pessoas insistem em acreditar no socialismo.
Parece que não somente o egoísmo, mas também a teimosia faz parte da natureza
humana.
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